Considerações
É importante ressaltar que estamos falando para um grupo muito heterogêneo de empreendedores e que algumas ponderações, orientações, visões e dicas são de aspectos amplos e cada um deve avaliar se isso se aplica a sua empresa. Importante que vocês façam suas análises, considerando o tamanho do empreendimento, mercado em que está inserido e, também a complexidade da operação etc.
Apesar disso, o mais importante é estar aberto a pensar de uma forma positiva sobre o que está realizando, apesar de todas as dificuldades do momento.
Sabemos que algumas empresas estão sofrendo imensamente, outras menos e outras não foram tão afetadas, mas para todos os casos é saudável entender que o jogo vai continuar mesmo que esse momento exija a mudança de atividade.
A Ana Paula e eu conversamos sobre realizar esta Live para falarmos de “oportunidades” que estão a nossa volta e que muitas vezes não nos atentamos. Sinceramente eu estava com dificuldade de definir o nome a ser dado para esta Live e o melhor caminho para apresentar e para refletirmos sobre esse tema.
Inicialmente havia pensado em algo como o Ócio Produtivo, parafraseando Domenico de Masi que escreveu o livro Ócio Criativo, mas fui desencorajado pela Ana Paula que me chamou a atenção sobre o momento que os empreendedores estão passando, muitos estão trabalhando muitas horas por dia devido a necessidade de colocar seus funcionários em casa ou dispensá-los, e isso soaria inapropriado.
Voltei a refletir sobre o nome a ser dado a Live, mas acabei dando um tempo para uma boa leitura de um livro recomendado pela minha esposa.
Este livro é do Professor e Filósofo Mario Sergio Cortella chamado “Qual é tua obra” e me deparei com dois capítulos que me ajudaram a resolver meu dilema.
Os capítulos são; Vento oportuno e o Grande estrago das pequenas ondas.
No capítulo, “Vento oportuno” o Professor direciona o leitor a refletir sobre algo que muitos buscam, mas não param para pensar em sua amplitude: a oportunidade
Como sempre faz, o professor busca no radical das palavras o significado mais profundo a fim de obter o conceito do que foi dito.
Conforme escrito no livro, a palavra oportunidade nasceu do nome de um vento. Os romanos tinham o hábito de dar nome aos ventos na antiguidade pois estes tinham uma importância grande nos deslocamentos marítimos da época. Um dos ventos que eles mais gostavam era o que os levavam ao porto de Ob portus. Eles chamaram este vendo de Vento Oportuno. Dessa forma a palavra foi considerada como um vento favorável que te leva para um bom local, o porto.
Nesse caso, o porto passa a ser a segurança, a entrada e a saída, te propicia a movimentação e impede de ficar parado em um só local.

Seguindo neste sentido, um porto ou a porta impede que se fique isolado, ilhado, sem alternativa, uma saída. No grego é exodus. Exit no Inglês.
Em geral temos medo de mudanças, mas isso não é ruim, a falta de medo faz com que nos sintamos satisfeitos, tranquilos e distraídos.
Normalmente uma pessoa aceita a mudança quando percebe que terá benefícios com o processo.
Algumas frases que o Professor coloca neste capítulo nos traz a reflexão:
A coragem não é a ausência de medo. A coragem é o enfrentamento do medo. Corajoso é aquele que enfrenta o medo e não admite que este sentimento se transforme em pânico ou inação.
Mudar é complicado sem dúvida, mas acomodar é perecer.
Mas como o professor é um sábio e não deixa o ouvinte ou leitor no desalento, ele também traz a reflexão da diferença entre audácia com aventura.
Nessa parte do capítulo, o Professor se refere ao grande pensador alemão Immanuel Kant, que dizia: “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar”.
Suportar não significa sucumbir, mas resistir às incertezas e continuar. E para resistir necessita audácia.
Audacioso é aquele que planeja, organiza, estrutura e vai para a ação. O aventureiro é o que vai sem planejar, organizar ou estruturar.
A audácia lhe coloca a condição de ser capaz de se antecipar. Não dá para adivinhar o mercado, mas dá para se antecipar.
Antecipar está no campo do planejamento, da ciência, adivinhar está no campo da magia. Não dá para adivinhar o mercado, mas dá para antecipar.
Quem antecipa tem atitude proativa, que adivinha tem atitude reativa.
Considerando o que foi exposto anteriormente, passamos a explorar oportunidades no seu negócio.
Ela está organizada para lhe proporcionar informações críticas para tomada de boas decisões?
Vamos falar um pouco de dados.
o Você utiliza dados para a tomada de decisões?
o Estes dados passaram por análise de eficácia?
o Você os coleta de forma sistêmica e organizada?
o Os dados que utiliza tem credibilidade?
Descendo um pouco em detalhes
o Você tem dados dos clientes da sua empresa?
o Sabe quanto consumiram nos últimos meses?
o Sabe quais produtos foram mais vendidos e a frequência para cada cliente?
o Conhece a faixa etária?
o Sabe a dispersão geográfica?
o Sabe o nível de satisfação?
o Tem um canal aberto para receber dicas, solicitações, reclamações dos clientes?

Para quem assistiu a Live realizada pelo Lhoji Kotsubo, Experiência do Cliente no dia 12/05 sabe que eu estou voltando a um pouco já debatido anteriormente.
Faço isso, pois entendemos que é uma fonte crucial de informações e que não pode ser desprezada de forma alguma.
Uma vez que você estrutura, coleta, organiza os dados que estão a seu alcance, você se torna capaz de realizar um planejamento mais estruturado e consequentemente tomar uma série de decisões e ações que irão levar sua empresa a obter mais resultados positivos.
Insisto em reforçar o que foi sugerido pelo Lhoji quando recomendou foco no mapeamento detalhado dos clientes.
É com esta gama de informação que você deve extrair dados e informações relevantes que possam lhe trazer melhoria no atendimento a seus clientes, ganhar mercado, desenvolver novos produtos etc. Aqui está uma grande oportunidade.
o Identificar um produto que pode ter a venda potencializada. (limitação de produção)
o Produtos que tenham a venda relacionado a um outro.
o Itens que pode passar a produzir e testá-los no mercado.
o Potenciais demandas do mercado.

Dando sequência aos demais pontos de oportunidades disponíveis, precisamos acrescentar ao que foi exposto acima, a importância de conhecer seus custos e suas despesas.
É comum conhecer empreendedores que dirigem seus negócios olhando somente para seu fluxo de caixa, veja que disse somente fluxo de caixa, e isso normalmente leva a erros que podem custar seu empreendimento.
Volto a ressaltar a importância de organizar, estruturar, planejar e gerenciar e aí que entra a necessidade de se ter números, dados, informações precisas sobre sua operação.
Precisamos aqui entender a importância de informações gerenciais que muitas empresas acabam negligenciando.
Informações gerenciais de custos são cruciais para que você empreendedor entenda se o produto que está vendendo está lhe proporcionando o retorno necessário.
Há muitas dúvidas, dificuldades e confusão na hora de saber se um produto está realmente lhe trazendo margem necessária e para isso você precisa literalmente organizar números e informações de forma adequada trazendo assim uma visão clara do quanto cada um de seus produtos custam realmente.
Muitas surpresas podem surgir quando você traz a luz todos os custos envolvidos na elaboração de cada produto. Não há espaço para erros e esses dados necessitam ser obtidos e tratados de forma precisa.
Exemplo de situações que você pode se deparar:
o Erro na descrição da formulação do produto.
o Tabela de preço de aquisição da matéria prima incorreta.
o Quantidade incorreta de tempo utilizado na produção.
o Alocação de custos incorretos. (água, gás, energia, outros)

Todos estes exemplos acima, podem lhe induzir a um erro decisório se não estiverem bem estruturados.
Uma vez identificadas as distorções, é necessário reavaliar as condições de venda. Não estou recomendando uma atitude radical caso identifique que um ou mais produtos estejam com margem negativa, o importante é buscar formas de reduzir custos e se não conseguir atingir o número necessário para manter o preço de venda, sugiro então que passe para o passo seguinte de acordo com sua estratégia de mercado.
Posso afirmar que aqui temos uma grande oportunidade de entender melhor os custos como também buscar eficiência no processo produtivo que contribuirá com o resultado em geral.
No capítulo seguinte do livro, O grande estrago das pequenas ondas, o professor traz outra reflexão que vai de encontro ao que o Marcos Barros comentou na nossa Live do dia 09 de abril. As pequenas despesas podem destruir uma organização.
O professor cita o exemplo do navegador Almir klink como sendo um homem extremamente audacioso, pois ele planeja, estrutura e organiza. Ele não é aventureiro.
Klink ensina algo ótimo referente a excelência, ele diz que há pessoas que quando observa as ondas, prestam atenção apenas nas grandes, contudo o que faz o navegador sair da rota são as pequenas ondas que ficam batendo no casco da embarcação de forma devagar. Isso acontece em uma organização em relação aos seus custos.
Tendo esta observação feita, podemos exemplificar como energia, horas extras, matéria prima desperdiçada e outros pequenos gastos sem que haja a devida necessidade pode levar a sua empresa a dificuldades enormes.
Dentro deste contesto de organização, estruturação e planejamento, devemos entender que há um processo de construção de tudo isso.
Podemos dizer que há níveis de detalhamento destas informações e em cada nível de detalhamento pode se utilizar para um fim.
Os relatórios com maior grau de detalhes normalmente são utilizados para o entendimento da operação, podemos chamar de relatórios operacionais. Nesse caso focamos nas ações do dia a dia, curto prazo, com objetivos claros. Exemplos:
o Relatório detalhado da folha de pagamentos.
o Relatório detalhado do fluxo de caixa do mês.
o Relatório detalhado dos custos de cada produto.
o Relatório detalhado das vendas por produto e por cliente




Os relatórios mais condensados, sem grandes detalhamentos são utilizados para uma abordagem mais tática, podemos chamar de relatórios táticos. Olhamos a empresa por células, departamentos, unidades de negócios, com visão de curto a médio prazo.
o Fluxo de caixa do trimestre.
o DRE gerencial do trimestre com abertura de contas.
o Relatórios trimestrais de folha de pagamento apresentando alocações.

Quando olhamos para a empresa no médio a longo prazo, tratando as informações de forma macro e utilizando uma visão externa, passamos a tratar a estratégia. Normalmente se trabalha com projeções e premissas.
o Informações sobre concorrentes.
o Informações sobre consumo por região.
o Informações sobre tendências do mercado.
o Projeção dos resultados para os próximos períodos.

Acredito que muitos estão se perguntando o quanto de trabalho é necessário para se ter este nível de informações em mãos, mas parte disto já está sendo realizado e você já está pagando, a outra parte você precisa de algumas horas de dedicação por semana para compilar. Lembrem-se que eu disse que essa qualidade de informações se constrói e não é da noite para o dia. O importante é começar a se preparar e quando você percebe, já tem um monte de informações uteis nas mãos.
Posto isso, devemos também pensar um pouco “fora da empresa”. Quero dizer com isso que é muito importante você olhar para todos os lados no ambiente que está inserido e captar o que é possível fazer com o que você já tem.
As vezes não parece, mas ao longo de sua carreira você certamente construiu uma base solida de conhecimento, contatos e uma estrutura que pode ser utilizada para abrir novas portas ou portos.
Os grandes gurus de hoje geralmente dizem que o importante é se manter ativo, mas com alguns cuidados necessários. Segue alguns conselhos que já ouvi de mais de uma pessoa que chegou ao sucesso de forma estruturada.
o Não invista em algo que você não conhece.
o Planeje de forma detalhada sua nova empreitada antes de iniciar.
o Seja rápido no lançamento.
o Imponha um período curto de testes para certificar que há mercado.
o Não arrisque tudo que tem no projeto. Garanta sua segurança financeira.