O que eu preciso fazer para minha empresa sobreviver em tempos de Covid-19?

Panorama Atual e Futuro Face ao Covid-19

Não vamos sair da crise em um dia específico. Estamos  em período de quarentena, após tal período existirá liberações parciais e na sequência novo retorno a quarentena, e assim sucessivamente.
Somente haverá um levantamento definitivo da quarentena no momento em que uma vacina for descoberta, produzida em escala e as pessoas serem vacinadas, e/ou medicamentos específicos consigam tratar os sintomas da Covide-19 de uma forma efetiva ou, finalmente, quando as contaminações reduzirem pelo efeito da “imunidade de grupo”. Estimativas sugerem que tal imunidade contra a covid-19 seria alcançada quando aproximadamente 60% da população for infectada pela doença. Até que isto ocorra este processo de quarentena, liberação, quarentena novamente, nova liberação será constante. Os governantes farão isto toda vez que as curvas de risco de explosão no sistema de saúde tiverem crescimentos expressivos.

Medidas de proteção como utilização de máscaras, luvas, álcool-gel e evitar aglomerações serão a tônica de agora em diante. Volta à normalidade será redefinida, mesmo porque estamos vivendo um período de transformação social, onde as medidas que o governo tomou em caráter provisório poderão transformar-se em definitivas, como por exemplo: legalização definitiva do trabalho remoto (home office), antecipação de feriados com acordo simples entre patrão/empregado, fim da exigência de exames admissionais/demissionais, antecipação de férias para empregados mesmo sem ter o período aquisitivo completo, entre outros.

No longo prazo teremos um mundo e um país diferente onde:

• O trabalho será cada vez mais remoto sem a necessidade de presença física nos escritórios, com um impacto relativo nas necessidades de deslocamentos;
• Redução substancial nas reuniões presenciais, e uma maior utilização de ferramentas de vídeo-chamada, conferências virtuais, áudio-conferências, entre outros;
• Redução no volume de viagens de visitas a clientes e interação presencial – utilização das tecnologias;
• Redução na necessidade de espaços de escritórios, ou escritórios muito menores que os existentes atualmente;
• As empresas estarão mais antenadas nos desperdícios nos processos e trabalharão para maior automação nos processos – i.e.: aqueles processos que precisam de pessoas para dar “enter” ou fazer uma tarefa manual tenderão a desaparecer completamente. Isto em todos os portes de empresas;
• A forma como as pessoas compram também deverão sofrer enormes mudanças – pessoas que nunca haviam se aventurado em compras online foram obrigadas a entrar neste mundo, e muitas delas, com certeza, não retornarão ao mundo físico. Exemplos de compras de alimentos, comida pronta, roupas, etc.;
• Escolas: também haverá uma forte tendência de aulas online sem a necessidade de presença física dos alunos, as conhecidas EADs. Isto já estava se mostrando viável e crescente, mas agora tornou-se realidade e com certeza poderá tornar-se uma prática comum no futuro próximo;
• Treinamentos a empregados também poderão seguir o formato virtual.

Ou seja, estaremos desenhando um novo mundo, que com certeza será bem diferente daquele que conhecemos hoje. Será obrigação de cada um de nós estar preparados para este novo mundo. Como? Buscando as oportunidades, tais como:

• Estudar pelo menos uma hora por dia sobre como posso digitalizar o meu negócio – do físico para o virtual;
• Trabalhar suas mídias sociais como Facebook, Instagram, LinkedIn, Tweeter, entre outras para que mais e mais pessoas conheçam o seu negócio;
• Ter e alimentar o seu site – se não tiver já está atrasado…;
• Buscar formas de como vender através da internet.

Como atravessar a crise e sobreviver e estar preparado para crescer?

Com certeza estamos vivendo um momento em que teremos que olhar os nossos negócios com lupa e tomar medidas drásticas, mas necessárias, para passar por este período e ter fôlego para sair da crise vivos. Mas como?

Através de algumas medidas que poderão ajudá-los a controlar gastos, gerar caixa e aumentar as vendas. É difícil, mas não impossível se decisões certeiras forem tomadas. Aqui vão algumas:

• Utilize os mecanismos já disponibilizados pelo governo para redução da folha de pagamento. Leia o artigo que o meu Sócio Glauco Lehdemann publicou no Blog da Capital Executivo;
• Aproveite para postergar os impostos conforme publicado pelos governos federais e estaduais do ICMS, PIS/Cofins, IPI, Simples Nacional, entre outros. Prestem atenção também nas medidas e decisões estaduais, pois apesar, por exemplo, de uma parte do Simples Nacional ter sido prorrogada pelo Governo Federal, alguns Estados podem não ter prorrogado o prazo para a sua parte. Veja ao final deste artigo uma tabela com as prorrogações dos principais impostos;
• Conforme mencionado antes, o empresário tem sim que buscar formas de vender ou trabalhar usando a internet. Mais uma vez, gaste o tempo necessário para pensar em formas de fazer isso;
• Usar plataformas gratuitas, por exemplo: Site da Magalu, que está permitindo que os pequenos empresários se cadastrem no site e comecem a vender imediatamente, sem a necessidade de fazer investimento algum. O site possui todas as facilidades para que seus produtos e serviços sejam colocados em formato eletrônico rapidamente, e com relação a entrega dos produtos, a partir de R$ 50,00 de venda o frete é gratuito;
• Usar os serviços de delivery, para você, empresário que vende produtos, para manter os seus negócios a todo vapor. Eu, por exemplo, costumo comer em um restaurante que tinha baixíssima automação, mas com uma comida deliciosa. Para minha surpresa, fui contatado pelos proprietários do estabelecimento com ofertas de “quentinhas” diárias, a um preço especial de sua comida com entrega através do i-Food. Não só estou conseguindo comer a comida que tanto gosto, mas pagando um preço menor, e o melhor, o estabelecimento está funcionando com a carga total, pois estão recebendo muitas encomendas diárias, uma vez que mais gente está comendo em casa;
• Criar vouchers com valores promocionais onde o consumidor pagará agora, para consumir o produto ou serviço no futuro. É uma forma de gerar receita hoje para manter o negócio rodando;
• Buscar empréstimos e utilizar todas as possibilidades de postergação de pagamentos. Analisar suas contas e classificá-las pelas que são absolutamente necessárias para poder manter o negócio aberto, tais como: luz, água, internet etc. E as que podem ser negociadas, por exemplo: aluguel – procurar o proprietário e negociar 3 meses sem pagamento, com pagamento posterior em parcelas; empréstimos: os bancos estão interrompendo as prestações dos empréstimos por um período e colocando as parcelas não pagas no final, ou diluídas ao longo do tempo, escolas, entre outras;
• Fazer um “faxina”, através dos extratos bancários e das contas regulares, de todos os itens que pagamos mas são desnecessários. Exemplos: tarifas de cartão de crédito, sua conta do celular que foi aumentando ao longo do tempo com inclusão de serviços que você não usa, sua conta de energia que pode ser reduzida desligando os aparelhos domésticos que ficam em stand by (três aparelhos desses geram R$ 10,00 de consumo mensal de energia, ou seja, R$ 120,00 ao ano), passar roupa apenas uma vez por semana, não deixar aparelhos ligados desnecessariamente. Em resumo, pegue todas as suas contas e extratos bancários e vá olhando todos os gastos, mesmo os pequenos, e vá eliminando tudo aquilo que é desnecessário. Você vai surpreender-se com a quantidade de “bobagens” que pagamos sem necessidade;
• Ser proativo – Pegar sua lista de clientes e contatá-los para ver o que eles estão necessitando, suas preocupações, e se você pode ajudá-los de alguma forma. Por exemplo: se você é um cabeleireiro, porque não ensinar, através de um vídeo tutorial, o seu cliente a tingir o cabelo, fazer as unhas, talvez, até dicas de como aparar o cabelo. Logicamente este vídeo teria um custo para cada vez que fosse baixado, e desta forma você estaria gerando receita;
• Olhar as mídias sociais, não para ver as notícias tristes e as bobagens que são largamente difundidas, mas sim para buscar oportunidades de produtos e serviços que estão sendo necessários, e que você poderá direcionar a sua empresa para suprir. Quem sabe você não encontre um novo caminho para os seus negócios…;
• Todos necessitamos de ajuda. Com certeza neste momento vocês devem estar necessitando resolver uma enorme quantidade de problemas e que não sabem como resolver. É nesta hora que se  deve lançar mão de amigos e/ou pessoas que  Apoiem-se neste pequeno grupo e através da internet organize conferências com estas pessoas para pedir ajuda. Com certeza em grupo vocês terão soluções e ideias que sozinho  não conseguiria pensar. Agora não é hora de ter vergonha sobre o que os outros vão pensar, é hora de sobreviver e fortalecer-se, mesmo que seja mentalmente. Compartilhe os seus problemas e não tenha vergonha de pedir ajuda para resolvê-los;
• Reduza o tempo olhando notícias pelo WhatsApp, concentre mais  seu tempo se instruindo e aprendendo coisas novas, especialmente aquelas que podem ser usadas nos seus negócios. Agora temos mais tempo e precisamos  aprender a usá-lo da melhor forma possível;

Fontes de Empréstimos e Financiamentos para Pequenos e Médios Empresários

Agora, neste momento de necessidade de recursos financeiros a grande pergunta é: como faço para conseguir empréstimos, e no momento correto? Logicamente que tem as já anunciadas ajudas do governo, mas devido a burocracia este dinheiro poderá ainda demorar a chegar. Quais a opções que o empresário tem?

1. Fuja dos grandes bancos. Eles aumentaram em muito suas taxas de juros, apesar da liberação do compulsório pelo governo e estão sendo muito seletivos para conceder empréstimos. Por exemplo estava estampado em 07/04 no jornal “O Estado de São Paulo”, que das 302 mil solicitações de prorrogações que o Itaú Unibanco havia recebido, ele havia aprovado apenas 5% destas. Ou seja, se você for felizardo e conseguir um novo empréstimo com um grande banco, ou mesmo uma prorrogação de empréstimo antigo, pode ter certeza que vai estar pagando muito caro;
2. Use as Fintechs de crédito tais como: Conta Azul, Market Up, Omie, vhsys, HB Capital, Creditas, Mova, Nubank, Nexoos, Banco Inter, Lendico, Rebel, entre muitas outras. Existem muitas opções. Através das Fintechs de crédito com certeza vocês conseguirão empréstimos com muita celeridade (1 a 2 dias), e a custos bem razoáveis. Mais adiante vou informar um site do governo que lista algumas Fintechs homologadas para a concessão de empréstimos;
3. Procure as cooperativas de crédito como Sicoob, Sicredi, Unicred e suas afiliadas, pois com certeza elas são bem mais flexíveis na concessão de crédito e com taxas muito inferiores às praticadas pelos grandes bancos, pois seus cooperados aceitam um rendimento menor, que com certeza é muito superior ao que conseguiriam se estivessem investindo seus recursos no mercado financeiro;
4. Faça o seu cadastro no Portal do Empreendedor http://www.portaldoempreendedor.gov.br. Neste site você encontra oportunidades de empréstimos para micros, pequenos e médios empresários;
5. Busque soluções como as opções oferecidas pelo governo de São Paulo que através do Banco do Povo e Desenvolve SP fornecem empréstimos a pequenos e médio empresários, mesmo informais, a custos subsidiados e com liberação de recursos em 48 horas da entrega das informações nos respectivos sites. Existem opções semelhantes em muitos estados da federação;
6. Pegue o empréstimo do governo para financiamento da folha de pagamento;
7. Entre no Sebrae da sua cidade/região e consulte as fontes de financiamento que o Sebrae oferece. Existem várias linhas oferecidas pelo Sebrae, especialmente na atual conjuntura de crise.

Onde conseguir dinheiro estando negativado?

Este realmente é um grande problema e será um trabalho hercúleo para que você consiga qualquer tipo de empréstimo. É um preceito básico em qualquer entidade financeira que a capacidade de pagamento é fator básico para projetar a capacidade de recebimento dos recursos emprestados. Em geral, os bancos e entidades de empréstimos costumam ser vorazes contra os inadimplentes. Mas, como sempre o não está sempre garantido, você não deve desanimar e fazer este transformar-se em sim através de uma romaria entre as instituições financeiras, especialmente as Fintechs e Cooperativas de crédito.

Para isso, você deverá ter um bom discurso preparado explicando o que te levou ao problema atual, e como você está tentando equacionar suas dívidas. Este discurso tem que ser realista e ”pé no chão” sem situações mirabolantes, e mostrando claramente como a dívida será paga, especialmente demonstrando a capacidade de geração de caixa futuro da sua empresa, e de quanto será o valor de uma prestação adequada que não prejudicará o andamento dos negócios.

Uma forma viável de mostrar sua lisura na busca do empréstimo é fornecendo alguma garantia real à instituição financeira. Esta deverá ser pelo menos duas vezes superior ao montante que você está pleiteando, bem como mostrará que você está comprometido em pagar sua dívida. Um carro, uma casa, fiança de parentes e amigos, mesmo o próprio faturamento da empresa pode ser usado como garantia.

Aqui, mais uma vez, entram em palco as Fintechs e Cooperativas, mas também algumas instituições que operam empréstimos online. Essas últimas têm como um de seus principais benefícios o de disponibilizar menores quantias com taxas de juros mais baratas do que as dos bancos tradicionais. Várias dessas instituições oferecem essa comodidade para negativados. A seguir um exemplo de duas delas para você poder comparar qual atende melhor suas necessidades.

Simplic: opera de acordo com as normas e requisitos do Banco Central e oferece simulação e solicitação online. Aprovação em menos de 48 horas.

FinanZero: através de um único cadastro, você pode receber até 10 ofertas de crédito pessoal com a FinanZero. Processo 100% gratuito e online.

Uma outra possibilidade, e eu sei que esta não é fácil, mas se é para sobrevivência do negócio, se faz necessária, é através de um empréstimo direto com um parente ou amigo. Eu sei que não é fácil ter coragem de buscar esta opção, mas o que é pior: ter que passar por esta situação, mas conseguir os recursos necessários, ou quebrar, e perder tudo aquilo que você construiu até hoje?

Outra sugestão de um empréstimo com garantia é o Penhor, que é um serviço oferecido inclusive pela Caixa Econômica Federal. Ele funciona da seguinte maneira: você leva uma joia para uma agência da Caixa que ofereça esse tipo de serviço e, após a avaliação do bem, é possível conseguir até 80% do valor do objeto que foi penhorado.

É importante destacar que a Caixa entende como joia qualquer objeto que tenha ouro, o que vai além de colares e brincos, por exemplo. Objetos como canetas, relógios, pratarias, ouro em barra, diamante também valem.

Outra característica desse tipo de empréstimo é que não é necessário comprovar que a peça pertence a você ou estiver pedindo o empréstimo, podendo ser um objeto da mãe ou de família.

Quem contrata o penhor recebe o dinheiro na hora e sem a necessidade de passar por uma avaliação financeira. Além do mais, o objeto fica seguro nos cofres da Caixa até que sua dívida fique quitada, daí ele retorna para sua posse.

Como me mantenho informado e sei todos os benefícios aos quais tenho direito?

O Governo Federal acabou de criar o Portal “Vamos Vencer” (https://www.gov.br/economia/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/vamosvencer). Nele você encontra todas as medidas já anunciadas pelo governo, qual o estágio de liberação de cada medida, quando as medidas pendentes se tornarão efetivas, como cada empresário pode candidatar-se aos benefícios, quais os caminhos, etc. Ou seja, está dentro de um único site grande parte dos mecanismos onde cada um de vocês poderão conseguir os recursos para atravessar a crise. É um site muito útil para direcionar e ver o leque completo de benefícios aos quais você tem direito.

Também nesta página você vai encontrar a lista de Fintechs selecionadas e sugeridas pelo Governo Federal.

Resumo das novas Prorrogações Covid-19 MAB